ARTIGO: por Olavo da Silva Aguiar
Um Império Perdido na
Amazônia.
*Olavo da Silva Aguiar |
Fordilândia,
a Cidade Utópica. A História da Cidade Sonho construída por Henry Ford, na
selva amazônica. No Começo do século XX, em 1927 as linhas de produção de Henry
Ford construíam carros a uma velocidade jamais vista. Aqueles carros precisavam
de pneus, e na época a borracha ainda era derivada das seringueiras do Sudeste
Asiático. Para manter a eficiência de sua produção sem depender dos asiáticos,
Ford decidiu ter sua própria produção de látex, e para isso construiu uma
cidade tipicamente americana em plena Amazônia. Fordilândia é a denominação
dada ao Distrito e à área adjacente de 15 mil km2, no município de Aveiro no
Estado do Pará, às margens do Rio Tapajós 800 km distante de Belém. Recebeu
este nome porque no passado foi uma company town e projeto agroindustrial.
Atualmente pleiteia emancipação política. O círculo da borracha no Brasil viveu
seu auge entre 1879 a 1912 15 anos antes da compra da área por Ford e entrou em
declínio depois que os britânicos levaram 70 mil sementes de seringueira da Amazônia
para a Malásia, (na época colônia britânica, no Sudeste da Ásia) e começaram a
produzir látex com maior eficiência e produtividade devido as boas condições do
solo. Os americanos não tinham conhecimento em botânica e, além de não
conseguirem prever o fungo mal das folhas, as seringueiras eram plantadas muito
juntas entre si, que as tornava alvo fácil para pragas, que dizimaram as
plantações. A Ford ainda tentou realocar as plantações em Belterra onde foi construída
uma segunda cidade, mas em 1945, com o surgimento da borracha sintética feita
com derivados do petróleo, o empreendimento já não havia mais razão de existir
e foi cancelado pelo Presidente da companhia, Henry Ford II. O Governo
Brasileiro indenizou a Ford com 250 mil dólares, e ainda assumiu as dívidas
trabalhistas com os trabalhadores. Em troca, recebeu 6 escolas, 4 em Belterra e
2 em Fordilândia, 2 hospitais, estação de capitação e tratamento de água nas 2
cidades, usinas de força, mais de 70 km de estradas, 2 portos fluviais, estação
de rádio e telefonia, 2 mil casas para trabalhadores, 30 galpões, centros de
análises de doença e autopsias, 2 unidades de beneficiamento de látex, vilas de
casas para administração, um departamento de pesquisa e análise de solo, e a
plantação de 1.900.000 seringueiras em Fordilândia e 3.200.000 em Belterra.
Fordilândia é uma cidade típica americana, ruas largas, casas bonitas, chegou a
ter mais de 3.000 trabalhadores. Nota: Henry Ford nunca veio ao Brasil conhecer
suas cidades e o grande empreendimento. Com medo das doenças tropicais pois não
tinha boa saúde, faleceu em 1947. Pena que o Governo do Pará não sabe
administrar o que tem nas mãos. A capacidade do hospital de Fordilândia era de
100 leitos, e foi um dos mais modernos do País. O primeiro a realizar um
transplante de pele no Brasil. Duas cidades com estrutura completa, totalmente
abandonadas. Extraído do Livro: Fordilândia, de Greg Grandin.
(*) Por Olavo da Silva
Aguiar (foto) , Escritor, Poeta , Compositor e colaborador do Jornal de Sobradinho –
Edição nº 330 ref. A Primeira quinzena de setembro de 2017.
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