ARTIGO por Henrique Matthiesen
UM TRIBUTO AO SILÊNCIO
Busco no poeta e romancista francês, Jacques Prévert,
o sábio pensamento: “Há momentos na vida
em que se deveria calar e deixar que o silêncio falasse ao coração, pois há
emoção que as palavras não sabem traduzir.”
Paulo Coelho, escritor, pondera: “Ame como a chuva
fina. Esta cai em silêncio, quase sem fazer notar, mas é capaz de transbordar
os rios.”
A globalização deu à espécie humana a possibilidade
inimaginável das relações instantâneas, empoderando todo tipo de absolutismo opinativo,
desprovido das cautelas essenciais e presumÃveis.
Todo mundo hoje tem opinião de tudo e de todos. Um
festival de besteiras, preconceitos, conceitos torpes invadem as ditas redes
sociais e as inter-relações num movimento raso desprovido de qualquer
razoabilidade de lastro.
O silêncio surgiu como uma ação precária sossega,
como reflexivo. Algo que vem de dentro, que serena, que pondera, quando se
agiganta aquieta, produz discernimento, brota sabedoria.
Indubitavelmente há uma correlação entre sabedoria e
o estado silencioso. O conhecimento cientÃfico, filosófico, tecnológico,
teológico são frutos da mais densa observação silenciosa.
Assustador, incomoda, perturba, carrega em si o
enigma do mundo das idéias não expressas emanando de uma energia brutal, o silêncio
grita mais feroz dos que os vernáculos.
Linguagem da alma é a metamorfose da sabedoria, da
astúcia, da clarividência, da sensatez, é a palavra não dita, mas compreendida.
Diferentemente do que podemos ajuizar, o silêncio é,
muito mais virtude do que vÃcio, está na placidez, no mergulho da alma, no hábito
sadio do escutar. Ele harmoniza e edifica.
Entretanto, em sua tirania inapropriada, gera a sua
face covarde, o silêncio do rancor, do ódio, da pusilanimidade, da mágoa, da
traição e é tão maléfico como o brado escaldante.
Caos auditivo, somos ruidosos, obcecados pelo vazio,
cultivamos o hábito irritante do estridente, e somos inconvenientes nas
verdades mentirosas.
Shakespeare, em sua monumental obra “Hamlet”, no
conflito invencÃvel do “ser ou não ser” nos traz a imprescindÃvel lição após
todos os ditos e não ditos de todo drama do rei da Dinamarca.
O que resta, o que sobeja, o que sobra é o silêncio.
Afinal, o resto é silencio.
Ou o prosaico ditado popular, boca fechada não entra
mosquito.
(*)Por Henrique Matthiesen (foto) - Bacharel em Direito, Jornalista
e colabora com o Blog Jornal de Sobradinho
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