Michel sugere que RR saia da sombra e mande a equipe trabalhar
Mudanças no
modelo de gestão, com autonomia para as regionais de saúde realizarem compras,
foram defendidas como medidas prioritárias e urgentes para se enfrentar a crise
no atendimento aos pacientes que buscam a unidades de saúde no Distrito
Federal.
O apelo foi
um consenso entre os participantes da audiência pública que a Comissão de
Fiscalização, Governança, Transparência e Controle da Câmara Legislativa
realizou na manhã desta quinta-feira (21), para analisar o relatório de gestão
fiscal da Secretaria de Saúde do DF, referente ao terceiro quadrimestre de
2014. O documento foi exposto, com detalhes, pela subsecretária da Saúde, Leila
Gottems, que apontou gastos de quase R$ 7 bilhões naquele ano e comprovou que
há carência de mais de três mil leitos hospitalares na rede pública.
Ao abrir o
debate, o deputado Joe Valle (PDT), presidente daquela Comissão, voltou a fazer
um desabafo contra “a situação crítica” da gestão da saúde pública no DF, que,
segundo condenou, provoca muito sofrimento aos pacientes. “O gerenciamento da
saúde pública no DF é uma bagunça. Não estou atacando pessoas, mas sim o modelo
de gestão”, enfatizou o parlamentar, lembrando que tem visitado hospitais da
rede pública para comprovar in loco as dificuldades de atendimento enfrentadas pela
população. “Não adianta o governador dizer que não tem dinheiro. Ele mata a nossa esperança com isso. Precisa
é melhorar a gestão do sistema”, cobrou.
O
vice-presidente da Comissão, deputado Rodrigo Delmasso (PTN), defendeu que o
governo local mude o modelo de gestão da saúde, garantindo, por exemplo, às
regionais de saúde, autonomia para que elas possam realizar compras específicas
para as suas unidades. O deputado Justificou que a medida acabaria com a
“demora absurda” na conclusão de processos de licitação, que são centralizados,
lembrando que no âmbito da Secretaria de Saúde estão vinculados centenas de
unidades como hospitais, centros de saúde e até uma faculdade. “È uma estrutura
muito grande e complexa”, ponderou.
Já o
deputado Dr. Michel cobrou firmeza do governador. “Tem que acabar com essa
história de que não tem pediatra para atendimento e colocar muitos deles na
área fim. Não dá pra ninguém ficar na sombra neste momento. Se o cara não quer
trabalhar as 20 horas, por que fez concurso para isso?”, protestou o deputado
do PP ao final da audiência pública.
O
controlador da Controladoria Geral do Distrito Federal, Djacir Arruda,
manifestou apoio à proposta de reformulação total na gestão da Secretaria de
Saúde. Ele reforçou as críticas dos parlamentares, ressaltando que a crise não
ocorre só for falta de recursos, mas também por “desperdícios”. Ele citou
inclusive alguns casos concretos onde a Secretaria pagou por serviços não
executados. E lamentou que vigilantes sejam responsáveis pelo primeiro atendimento
aos pacientes nos hospitais públicos.
O
subsecretário de Saúde, Rubens Iglesias, concordou com a necessidade de
mudanças para acabar com os conflitos no atendimento aos pacientes. “Nossos
gestores, como os diretores de hospitais, não podem continuar trabalhando
apenas como despachantes, sofrendo como buchas de canhão. Não é humano que 150
pessoas esperem por uma vaga de UTI a cada dia. Isso também traz sofrimento
para quem precisa decidir quem é que vai ser atendido lá”. Iglesias pregou
ainda a necessidade de um “esforço conjunto” do governo, do legislativo e da
sociedade para assegurar um novo modelo de atendimento, “que não desrespeite a
dignidade das pessoas, como agora”.
Na mesma
linha, o presidente do Conselho de Saúde do DF, Helvécio Ferreira, cobrou
mudanças urgentes. “Não existe sintonia entre os gestores do sistema. Um plano
que é feito numa unidade é ignorado por outro”, criticou, lembrando que os
profissionais de saúde têm discutidos essas questões ao longo dos últimos anos
e esperam ser ouvidos quando da elaboração de um novo plano de atendimento,
“que privilegie a prevenção à saúde”.
Por Zildenor
Ferreira Dourado
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