MEIO AMBIENTE: Programa ampliará número de produtores rurais no Pipiripau
(*) Étore
Medeiros
Produtora
rural, Fátima Cabral. Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília
Com mais de
300 mil mudas plantadas, projeto de conservação da bacia do rio prevê
lançamento de novo edital em março
A Agência
Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal (Adasa)
prepara o lançamento de um edital de ampliação do Programa Produtor de Água
(PPA) na bacia do rio Pipiripau, previsto para março. O edital terá capacidade
para ampliar dos atuais 23 para mais de 300 os produtores rurais atendidos pelo
PPA, de um total de 591 que atuam na região. Desde que entrou em operação, em
2012, a iniciativa recupera áreas rurais do principal manancial de
abastecimento hídrico de Planaltina e Sobradinho.
Além da
manutenção de áreas florestais e da adoção de técnicas agrícolas de redução de
impacto sobre o meio ambiente, o PPA já viabilizou o plantio de cerca de 300
mil mudas de espécies do Cerrado na bacia do Pipiripau. A medida é importante
para frear a erosão e os seus consequentes assoreamentos, que encarecem o
tratamento de água e reduz a vida útil dos reservatórios. A retirada da
vegetação nativa faz com que os solos percam a capacidade de absorver a água
das chuvas, que acaba carregando mais sedimentos para o curso de água. A longo
prazo, isso tende a deixar os rios e reservatórios mais rasos, sujos e
sensíveis às estiagens.
"O foco
do projeto é aumentar a quantidade e a qualidade da água. À medida que evitamos
a erosão, a água fica mais limpa para o produtor e para o abastecimento",
explica o regulador da Adasa e coordenador do programa, José Bento Rocha.
Apesar de recente, o programa já tem resultados positivos. O rodízio no
fornecimento de água para os produtores rurais do Pipiripau, praticado no
período de estiagem, não foi necessário em 2014. Na semana em que seria
adotado, foi extinto devido à volta das chuvas, evidenciando que agora, mesmo
ainda no início do tempo chuvoso, os produtores da bacia do Pipiripau contam
com uma maior quantidade de água.
Programa
produtor de água do Distrito Federal
Benefícios
"O
próprio nome já me fez sentir um chamado muito forte, porque a gente vê
produtor de tudo, mas de água? Achei interessante", explica Fátima Cabral,
de 55 anos, produtora de frutas e verduras em uma propriedade na região do
Pipiripau. Desde que se inscreveu no programa, em 2012, ela já recebeu 8 mil
mudas. As árvores foram plantadas ao redor de uma nascente, para protegê-la, em
uma área de oito hectares (equivalente a oito campos de futebol).
Depois de
aderir ao programa, Fátima também teve de afastar das áreas de nascente e de
rio a criação de 30 cabeças de gado. Cercou a área reservada ao
reflorestamento. Um sistema de rodízio de pastagens foi implantado para
otimizar o manejo bovino. A propriedade de 40 hectares (400 mil metros
quadrados) recebeu ainda obras de terraceamento, uma técnica definida pela
construção, em áreas de declive acentuado, de "grandes quebra-molas que
evitam que a enxurrada destrua o solo", como diz dona Fátima.
No fim de
2014, a produtora recebeu R$ 3,5 mil, o primeiro Pagamento por Serviços
Ambientais (PSA), incentivo pecuniário para proprietários que adotam e mantêm
os princípios previstos no programa. A Adasa calcula que, para cada real pago
aos produtores, um valor 15 vezes maior é revertido em investimentos na
propriedade. "Não é um valor grande, não foi isso o que me atraiu",
conta dona Fátima. "Me sinto grata e privilegiada de poder contribuir para
que essa situação de estiagem não chegue aqui em Brasília. A nossa pequena
parte está sendo feita", diz, orgulhosa.
Parcerias
públicas
Iniciado em
2012, o Programa Produtor de Água é uma iniciativa da Agência Nacional de Águas
(ANA) e está presente em sete unidades da Federação. No DF, além da Adasa e da
ANA, o projeto tem outros 16 parceiros públicos e privados. Pelo governo do
Distrito Federal participam a Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb),
a Secretaria de Estado de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural
(Seagri), o Instituto Brasília Ambiental (Ibram) e a Empresa de Assistência
Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF).
Em um futuro
próximo, a bacia do rio Descoberto — responsável por fornecer 70% da água
consumida pela população do DF — também poderá contar com o programa. Embora a
ampliação não tenha previsão de data, as discussões entre a Adasa e seus
parceiros no DF estão avançadas.
Acesse o
site da Agência Nacional de Águas (ANA) para saber mais sobre o Programa
Produtor de Água.
Projeto de conservação na bacia do rio Pipiripau estimula agricultores a cuidar dos mananciais. Foto Gabriel Jabur/Agência Brasília |
Projeto de conservação na bacia do rio Pipiripau estimula agricultores a cuidar dos mananciais. Produtora rural, Fátima Cabral. Foto Gabriel Jabur/Agência Brasília |
Projeto de conservação na bacia do rio Pipiripau estimula agricultores a cuidar dos mananciais. Foto Gabriel Jabur/Agência Brasília |
Projeto de conservação na bacia do rio Pipiripau estimula agricultores a cuidar dos mananciais. Foto Gabriel Jabur/Agência Brasília |
Projeto de conservação na bacia do rio Pipiripau estimula agricultores a cuidar dos mananciais. Foto Gabriel Jabur/Agência Brasília |
Projeto de conservação na bacia do rio Pipiripau estimula agricultores a cuidar dos mananciais. Foto Gabriel Jabur/Agência Brasília |
(*) Fonte: Étore Medeiros, da Agência Brasília - Fotos: Gabriel Jabur/Agência Brasília
Nenhum comentário
Postar um comentário