SEMANA DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS: Captação ajuda DF a liderar transplantes
Para manter
a capital no topo do ranking, com média de 29,7 doadores efetivos, um exército
silencioso trabalha 24h por dia
O
protagonismo nacional do DF nos transplantes se deve, sobretudo, ao trabalho
dos bastidores feito na captação de órgãos. Graças às equipes que convencem os
familiares de potenciais doadores, o Distrito Federal encabeça o ranking
nacional de doadores efetivos.
Os 38
doadores do primeiro semestre representam uma média de 29,7 efetivações por
milhão de habitantes (pmp), de acordo com levantamento da Associação Brasileira
de Transplante de Órgãos (ABTO). O quantitativo representa mais que o dobro da
meta do Ministério da Saúde para este ano, de 14 doadores pmp. O DF é líder
nacional, desde o ano passado, com 85 doadores efetivos, e média de 33,1 pmp.
“Sem doação,
não há transplante”, ressaltou a coordenadora da Central de Notificação,
Captação e Distribuição de Órgãos (CNCDO) do DF, Daniela Salomão. A entidade
tem feito grande esforço nos últimos três anos para que cada grande hospital do
DF conte com uma Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para
Transplante (CIHDOTT).
Há no DF
cerca de 10 CIHDOTTs em funcionamento efetivo desde o ano passado. Quem
capacita as comissões é a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO),
braço direito da CNCDO. “A importância do trabalho das CIHDOTTs foi o aumento
no número de doações. Até um ano atrás a gente só tinha notificação de óbito do
Hospital de Base”, explicou a coordenadora da OPO do DF, Viviane Marçal.
Esta semana
as CIHDOTTs do DF organizaram um encontro para compartilhar experiências.
Quando via o número e a implicação dos participantes, Daniela Salomão parecia
não acreditar na dimensão que a estrutura de captação do DF está adquirindo.
Durante o
encontro, membros das comissões contaram as estratégias para conseguirem
efetivar a doação. “A gente trabalha para engajar os demais profissionais, além
do médico e do enfermeiro, já que a equipe que atende o paciente é
multidisciplinar”, frisou Cíntia Pelegrini, enfermeira e membro do CIHDOTT do
Hospital Regional de Santa Maria.
Além de
capacitar os profissionais de saúde que trabalham no hospital, a CIHDOTT do
HRSM começou esta semana a fazer palestras para a comunidade sobre a
importância da doação. “Antes da Cíntia, não tínhamos nenhuma notificação de
morte encefálica e só no primeiro semestre deste ano foram 17”, lembrou Viviane
Marçal.
A enfermeira
Neusimar Xavier de Oliveira, coordenadora da CIHDOTT do Hospital Regional de
Taguatinga (HRT) explica que a abordagem dos familiares é a de se colocar como
alguém disposto a ajudá-los durante o momento em que estão fragilizados.
Já a
estratégia da CIHDOTT do Hospital Regional do Gama é a de passar diariamente
por todos os setores, conversar com as pessoas, deixando panfletos com o
telefone para entrar em contato para avisar sobre qualquer óbito.
PARCERIA – O
Hospital Regional da Ceilândia (HRC) está reestruturando sua CIHDOTT desde
junho. O processo é resultado de uma parceria da Secretaria de Saúde do DF e do
Ministério da Saúde com o Hospital Albert Einstein, de São Paulo, que enviou em
junho o especialista e doutorando em coação, captação e transplante de órgãos,
Jonathan Borges, para passar de um ano a 18 meses melhorando a estrutura de
doações na unidade.
Segundo o
mapeamento do hospital realizado por Borges, o HRC tem muito a colaborar com as
doações locais. “Nossa meta é de duas doações por mês, ou 48 por ano, e se
conseguirmos atingi-la seremos responsáveis por ajudar a praticamentea dobrar
as doações no DF”, prevê.
Em apenas
três meses no hospital, Borges conseguiu passar o número de notificações de
uma, em 2013, para sete, de junho a setembro, dos quais 5 eram doadores
viáveis. “Conseguimos uma aprovação de todos os familiares, com 100% de
efetivação”, comemora o especialista.
A etapa
seguinte do trabalho da CIHDOTT do HRC é a de criar um grupo de apoio às
famílias doadoras. Atualmente, a comissão já oferece suporte psicológico de
maneira individualizada, mas a intenção é que em novembro comecem as dinâmicas
de grupo.
A VIDA NÃO
PARA – Enquanto a captação vai conseguindo mais órgãos e os centros
credenciados vão ampliando o protagonismo do DF no cenário nacional, várias
vozes de apoio animam e agradecem o trabalho das equipes.
Uma das
principais agradecidas no DF é Ana Sílvia Pires da Silva, 44 anos, que foi
transplantada de córnea. “Estou retribuindo o que recebi. Não tinha nem ideia
da dimensão e da importância do trabalho dos bastidores”, destacou.
“A gente
100% incentiva a doação e indica, porque a vida não para”, frisou Adriano
Costa, 26 anos, pai da pequena Larissa da Silva Barros, de 3 anos. A menina
hoje leva uma vida normal, depois de ter sido submetida a um transplante de
coração quando tinha um ano e oito meses. “O sofrimento de uma pessoa pode
ajudar outra”, completou.
Já Iracilda
Rocha, advoga pela chamada doação de intervivos. Ela foi a doadora de parte do
fígado que a filha Ana Júlia Rocha Jesus recebeu aos oito meses. Hoje, com 13
anos, a menina esbanja saúde. “Com o doador não acontece nada. Que ninguém
tenha medo de doar”, enfatizou.
NOTIFICAÇÃO
– Para esclarecer qualquer dúvida sobre doação de órgão e tecidos, basta entrar
em contato com a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos pelo 3315-1677 ou
com a Central de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos pelo 3315-1664.
Fonte:
Secretaria de Saúde do DF
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