SAÚDE: SECRETARIA DE SAÚDE INVESTE EM INCLUSÃO DE SERVIDORES COM DEFICIÊNCIA
Criado há
três anos, Núcleo de Inclusão e Acessibilidade acompanha funcionários desde a
contratação e promove, por exemplo, adaptações no local de trabalho
Na fila de
pacientes que se forma diariamente na porta do consultório do clínico-geral
José Alberes, no Centro de Saúde 01 de Sobradinho, sobram elogios ao trabalho
do profissional de 52 anos, que tem distrofia muscular e integra o quadro de
servidores com deficiência da Secretaria de Saúde do DF.
Entre os
colegas de trabalho, o mesmo reconhecimento: "ele é, pra mim, um pai, um
médico excelente e um grande amigo", contou a técnica de enfermagem
Valderice Dantas, responsável por auxiliá-lo no consultório e ajudá-lo a pegar
o andador utilizado para caminhar.
Para atender
servidores como Alberes, foi criado há três anos o Núcleo de Inclusão e
Acessibilidade, que, aos poucos, tem conseguido promover o melhor
aproveitamento profissional de todas as pessoas com deficiência na rede pública
de saúde.
A unidade
agora é responsável por concentrar todas as perícias dos novos contratados e
também por conduzir os processos de mudança de local de trabalho, de adaptação
ergonômica (mobiliário e objetos de trabalho) ou de redução de até 20% da carga
horária – direitos garantidos aos deficientes no serviço público.
Sob o
comando da psicóloga Andrea Chaves, servidora que tem visão monocular, o setor
providenciará, até o próximo ano, um levantamento demográfico para identificar
todos os trabalhadores da pasta que possuem alguma deficiência.
Em um
cadastro preliminar, foram registrados 353 trabalhadores com alguma
deficiência: a maioria deficiente físico (154), seguida por deficientes
auditivos (97), pessoas com deficiência visual (88), múltipla (13) e mental
(1).
"Existe
uma diferença entre inserção e inclusão", ponderou Chaves. "O
servidor com deficiência não pode ser tratado de forma diferente, precisa
apenas de condições acessíveis para desenvolver o mesmo trabalho",
acrescentou.
Ela explicou
que um médico cadeirante, por exemplo, não consegue ser socorrista porque só
tem movimentos dos membros superiores, mas consegue ser um médico de
ambulatório, de saúde primária, sem prejuízo, se comparado a um profissional
sem deficiência.
Segundo a
psicóloga, o total de médicos, enfermeiros, auxiliares e servidores
administrativos com alguma limitação física ou mental é, certamente, maior, mas
que os números preliminares servem de amostra enquanto o levantamento completo
não é realizado.
Desde 2011,
a Secretaria de Saúde reserva para deficientes físicos 20% das vagas de todos
os concursos públicos- tanto para contratações efetivas quanto para as
temporárias-, em cumprimento à nova legislação.
ADAPTAÇÃO-
Mas há servidores com deficiência nos quadros da pasta há muito mais tempo,
como o clínico geral José Alberes, que está na rede pública desde 1994 e, com
pequenas adaptações, consegue desempenhar sua função com facilidade.
Por causa da
distrofia muscular, o alagoano de Canapi- município a 250 quilômetros da
capital, Maceió- tem dificuldade de se manter em pé sozinho e caminha com
auxílio de andador, "ou cadeira de rodas em alguns casos", segundo
ele mesmo diz.
No local de
trabalho, foi preciso apenas a instalação de uma rampa com corrimão na sua vaga
no estacionamento. "No consultório preciso apenas de ajuda do pessoal
(enfermeiros) para colocar o paciente na maca e levantar para examiná-lo",
acrescentou o médico.
A chefe do
Núcleo de Inclusão e Acessibilidade reconheceu que os deficientes físicos têm
mais facilidade para serem incluídos. "A deficiência física é mais fácil
para viver na sociedade, porque necessita de adaptação arquitetônica e não
comportamental", avaliou Andrea Chaves.
"No
caso das outras deficiências, depende-se do outro. Depende do outro querer
interagir com o surdo, facilitar a vida de um cego, ou aceitar uma pessoa com
deficiência intelectual. Na parte de acessibilidade comportamental, ainda há
uma grande barreira que a gente precisa transpor", finalizou.
Fonte
Helton Oliveira, da Agência Brasília/fotos Brito
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