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Paulo Tadeu: "Eu deixei a casa arrumada"

Depois de deixar o governo Agnelo Queiroz, entre críticas e elogios, o deputado federal Paulo Tadeu falou ao Brasília Agora sobre cada momento que viveu dentro do Governo do DF, dos projetos que tocou no governo e daqueles que pretende aprovar agora na Câmara. O parlamentar não deixou nenhuma pergunta sem resposta e garantiu que quem usou de baixarias contra sua pessoa está respondendo na Justiça.

Deputado, depois de mais de um ano e meio como secretário do Governo Agnelo, quais foram as principais ações que o senhor realizou?

Paulo Tadeu – O governador Agnelo Queiroz, no começo de sua gestão, percebeu que para limpar e organizar a máquina pública seria necessário unir a gestão e a articulação política em uma única secretaria. Por mais de um ano e meio aliamos a administração das ações de governo à participação popular, bem como a articulação entre os órgãos do Executivo e Câmara Legislativa do DF. Nesse período foi possível retomar o Orçamento Participativo, uma ferramenta fundamental que possibilita a participação da população na indicação de benfeitorias para sua região. Podendo sugerir, escolher as prioridades e fiscalizar o investimento e a execução.

As Administrações Regionais cumpriram um papel importante para a cidade e com elas conseguimos não apenas construir o orçamento, mas proporcionar serviços diários para a manutenção das cidades. Realizamos diversos processos de participação popular com plenárias, conferências e audiências públicas dando voz à população em cada canto do DF.

Quais foram as principais mudanças na gestão implementadas pelo senhor?

Trouxemos para o DF novos projetos de Parcerias-Público-Privadas. Assim, o Governo pode capitanear grandes investimentos para a cidade. É um passo ousado e ao mesmo tempo muito seguro. Essa ousadia possibilita que o GDF faça grandes ações sem onerar o Estado, garantindo ainda a geração de empregos. O estacionamento subterrâneo, no centro da cidade, é uma PPP que vai transformar o cenário caótico em uma nova perspectiva para nosso principal cartão-postal, o Eixo Monumental. Encaminhamos projetos na área de segurança, saúde, educação, meio ambiente e tecnologia e que já estão em andamento e prometem inovar na gestão pública. Outro ponto importante foi a criação do Conselho de Desenvolvimento e Econômico Social do DF. Coordenado pelo governador Agnelo, o Conselho reúne 80 membros com diversas personalidades sociais e políticas que, juntos, propõem inovações e soluções para os problemas do DF.

O que já está sendo colocado em prática, deputado?

Tudo está sendo colocado em prática. Nessa primeira fase tivemos ainda a oportunidade de alavancar a temática da mobilidade urbana por bicicletas. Instituímos um comitê que reuniu diversas Secretarias de Estado para propor uma nova lógica do uso de bicicletas no DF. De lá para cá, iniciamos o processo de difundir o conceito de mobilidade por bicicletas associadas a outros meios de transporte. Sabendo da importância em mesclar diferentes modais, em 2008, propus uma lei que torna obrigatória a disposição do último vagão do metrô para que ciclistas possam levar suas bicicletas. Esse ano a lei foi regulamentada pelo GDF e a gora os ciclistas podem ter livre acesso ao vagão destinado a eles. É preciso ressaltar o bom trabalho e relacionamento que tivemos com a Câmara Legislativa do DF. Os deputados distritais compreenderam a proposta do GDF e nos apoiaram na votação de projetos encaminhados pelo Executivo. Resgato algumas ações com o sentimento de missão cumprida com no Executivo. Agora represento o DF na Câmara dos Deputados federais e isso me enche de orgulho.

Muita gente reclamava que o senhor tinha muito poder no governo. Essa era a realidade?

Como eu havia falado, recebemos uma missão do governador. A cidade estava um caos. Quando chegamos ao governo, havia desde lixo nas ruas até contratos irregulares. O momento era de organização da casa e para isso, sem dúvida nenhuma, era preciso juntar gestão e articulação. Coordenamos o Planejamento Estratégico do GDF, em uma construção com todas as unidades do governo. Pactuamos esse plano e, a partir daí, os resultados começaram a surgir. Casa arrumada e rumo tomado, os demais secretários puderam tocar os projetos do governo e, o mais importante, a população pôde perceber as mudanças.

Em um determinado momento o senhor passou a sofrer muita pressão. Ela vinha de dentro ou de fora do governo?

Pressão, temos todos os dias, seja do nosso governador ou da população. Meu trabalho é pautado em dar respostas às demandas da cidade. Receber pressão é uma coisa, sofrer ataques é outra. Em nenhum momento deixei que as forças obscuras das viúvas do poder atrapalhassem o novo caminho para o DF. Movi uma ação, contra um personagem, que tentou me constranger diante da população, que tentou criar a dúvida sobre minha dignidade e fui resolver isso na Justiça. Dei uma resposta a esses ataques com a vitória no processo judicial. A população me conhece e me confiou três mandatos consecutivos como distrital, sendo que na última eleição me deu a missão de representá-la na esfera federal.

O senhor sofreu com fogo amigo?

Não podemos perder tempo com ataques e fofocas. Temos uma cidade para mudar. Sou um político de esquerda, socialista e minhas convicções e trabalho são para trazer resultados e transformar a nossa geração. A população merece resultado e não perco o foco por causa de fofocas.

O senhor voltou à Câmara para participar do depoimento do governador Agnelo na CPI do Cachoeira. Foi importante este retorno e o senhor acredita que Agnelo conseguiu se livrar das acusações?


Naquele momento fui para CPI não apenas para fazer a defesa do governador Agnelo, mas para defender a honra do nosso governo. Existia uma máquina que tentou se infiltrar no Distrito Federal, através de esquemas com contratos e lobistas, acobertados por parlamentares e a grande mídia. Nós não deixamos que os tentáculos da corrupção penetrassem no nosso governo e contra isso desmantelamos qualquer tentativa de realizar negócios escusos. Ninguém tem dúvida que a quadrilha do Cachoeira tentou desestabilizar o governador . E o paladino da moral, aquele senador que tentou pedir o impeachment do Agnelo, onde ele está agora? Cassado!

Então, o GDF ficou livre do Cachoeira?

Ficou provado que essa quadrilha não operou na nossa gestão. Ficou provado que grandes veículos de comunicação, que senadores e empresários corruptos arquitetaram um esquema para derrubar nosso governador. As escutas da Polícia Federal provaram que essa quadrilha não teve espaço no nosso governo. Em mais de um ano e meio de gestão, sofremos com ataques e nunca foi apresentado nada que desabone a conduta do governador.

Hoje com seu retorno à Câmara, quais são os principais projetos em que o senhor está trabalhando?

Logo que retornei para o mandato na Câmara Federal, propus três emendas ao anexo de metas e prioridades da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a LDO. Todas foram aprovadas e agora temos a garantia de que a LDO vai assegurar o apoio a projetos de Sistemas de Transporte Coletivo Urbano, a adequação na infraestrutura turística pública para grandes eventos esportivos e a reestruturação e expansão das universidades federais.

São emendas importantes para o momento que vivemos. Queremos ainda levar o passe livre estudantil para todos os estudantes do Brasil, assim como já conquistamos aqui no DF por meio do projeto de lei aprovado pela Câmara Legislativa. Aqui na Câmara Federal, apresentei já em meu primeiro dia de mandato o mesmo projeto na esfera nacional, que garantirá o passe livre estudantil para todos os estudantes brasileiros.

Como está acompanhando a CPI do Cachoeira e a votação do Mensalão?

Estão trazendo o caso Mensalão à tona com o pretexto de abafar o maior esquema de corrupção já articulado no país. Hoje, temos uma CPI que investiga a bando do Carlos Cachoeira que já deflagrou, com provas, que ele é o grande líder do esquema e que opera no país inteiro com jogos ilícitos, corrupção e conta com emissários poderosos como ex-senadores, grandes revistas, empresários e quem mais possa servir e se sujeitar ao crime organizado. Temos uma máfia no país e confio no Congresso Nacional para desbaratar o caso.

O senhor acha importante que estes dois episódios sejam definitivamente resolvidos?

Acredito na seriedade dos trabalhos das duas casas. Como todo brasileiro, espero que os julgamentos sejam justos e que a população sinta-se bem representadas pela Corte e Congresso Nacional.

Quais são as ações que o senhor tem tomado em favor de Brasília?

Tenho pautado toda minha trajetória política em busca e em favor de um Distrito Federal e Entorno mais justo e igualitário. Ao longo do caminho, busquei melhorias e benefícios que valorizassem os estudantes, os trabalhadores e os cidadãos daqui.

Criamos a Leis do Passe Livre estudantil, a lei de auxílio transporte para os trabalhadores e a lei de trânsito livre para as bicicletas no metrô. A conquista da duplicação e do viaduto na DF-150 entre a Fercal e Sobradinho também foi uma grande vitória. Ainda como deputado distrital, travei uma grande campanha, da qual tive a comunidade como parceira aguerrida na luta. Demorou, mas nosso governo acelerou as obras e conseguimos entregá-las. Hoje comemoro junto com a comunidade essa grande aquisição. Sei da minha responsabilidade e do meu compromisso perante a sociedade do Distrito Federal e luto por isso todos os dias.

A cidade está se preparando para a Copa das Confederações e Copa do Mundo, o senhor acredita que tudo estará pronto em 2013/14?

Não tenho dúvidas. Além do Estádio, o governo vem se preparando para receber esses dois grandes eventos. Iniciei o estudo de uma PPP que vai criar um Sistema de Gestão Integrada e reunirá em um só lugar todas as ocorrências da cidade, incluindo uma central de monitoramento. Vamos trazer o que há de mais moderno para a segurança do DF. Para os trabalhadores, temos o Qualificopa, um programa de treinamento em excelência com turmas de qualificação profissional. Tanto o governo Agnelo quanto o governo Dilma estão trabalhando nesse sentido. Acredito que surpreenderemos positivamente a todos que esperam o contrário.

Quais são as suas pretensões políticas para 2014?

Minha dedicação agora é realizar um mandato que orgulhe a população. Para 2014, estamos em processo de discussão, mas ainda não temos uma posição definida. Não cheguei aqui sozinho, sou do Partido dos Trabalhadores e antes das pretensões políticas, precisamos mobilizar as bases sociais para pensar no melhor caminho para o Distrito Federal. De toda forma, minha vontade principal, é continuar honrando o voto dos meus eleitores e continuar lutando por uma sociedade mais justa e igualitária.

*Carlos Honorato em Jornal Brasília Agora/foto divulgação

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