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DEU NO CORREIO BRAZILIENSE: Igreja dá continuidade a obra embargada e causa polêmica no Lago Oeste em Sobradinho


* Mariana Laboissière

A construção de duas igrejas evangélicas no Lago Oeste, região vizinha ao Parque Nacional de Brasília, causa polêmica entre a comunidade. Ambas as obras foram embargadas por órgãos ambientais, sob a alegação de ausência de licenciamento. Moradores relatam, contudo, que uma delas continuou em pleno andamento após a notificação, contrariando a lei. Eles temem que o mesmo ocorra com o segundo empreendimento.

O presidente da Associação dos Produtores do Núcleo Rural do Lago Oeste (Asproeste), Wilson Antônio Auerswald, confirmou ao Correio que recebeu denúncias relacionadas à continuidade das obras, mas esclareceu que a entidade não faz oposição à instalação dos templos religiosos na região. “Se somos a favor de alguma coisa, é da legalidade. E o que buscamos é controlar a ocupação indevida do Lago Oeste, uma área rural. Mas sobre esse assunto, a nossa posição no momento é de neutralidade”, explicou.

Uma das construções, semelhante a um galpão, fica na Rua 5. Desde que foi emitido parecer referente à paralisação da obra, em 2008, ela aparece revestida por uma lona azul. Moradores de áreas próximas afirmaram à reportagem que cultos continuam sendo realizados no lugar. Mas o pastor Paulo Roberto Almeida Campos, responsável pelo templo, alegou que há um mês não há mais nenhum tipo de celebração no local. “Voltamos para a nossa antiga sede, na Rua 1. Até que se legalize a situação, permaneceremos na outra igreja. Com relação ao embargo, eu, inclusive, entrei com um recurso, mas ainda não tive resposta.”

O pastor acredita que os problemas que acabaram por embargar a construção tenham raízes na intolerância religiosa de alguns vizinhos. “Há uma igreja católica bem próxima à nossa e ela é bastante grande. Na sede da associação, também começaram a construir um galpão. Agora, eu lhe pergunto: por que só nós enfrentamos transtornos na realização de obras?”, questionou.

O tratador de cavalos Antônio Horlando Fernandes da Silva, 42 anos, morador da Rua 4, acompanha a constante movimentação de pedreiros no terreno. “Pelo que sei, estão fazendo a obra camuflada. Todo mundo sabe disso, dá para ver. Acredito que, depois de tirarem a lona, vão avistar a igreja já pronta. Quando pediram para parar, estavam começando os alicerces”, apontou.

Segundo o pastor Paulo, algumas intervenções precisaram ser feitas no intuito de comportar a quantidade de pessoas que assistiam ao culto na localidade, além de evitar inundações. “Se não tivéssemos uma mureta, a água iria invadir”, justificou. O centro religioso Cristo para as Nações recebe cerca de 400 famílias.

A chefe de fiscalização do Parque Nacional de Brasília, Juliana Alves, informou que o profissional responsável pelo embargo à época está de licença médica. “Só ele poderá informar a situação da igreja. Se a gente embargou, a continuidade de verificar se houve o descumprimento é nossa. Normalmente, fazemos visitas periódicas ao interior e fora da unidade”, explicou. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) notificou na última terça-feira o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para que o caso seja verificado.

Por Mariana Laboissière

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