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O GRILO

* Joel Pires

É comum perguntarem a um profissional ou estudante de Comunicação que programas ele gosta de ver. Bom, assisto a tudo: de comercial à pregação de pastor. Passeio pelos canais abertos e fechados. Aprendi, no primeiro semestre do curso, que preconceito, mais do que nunca, não deve bloquear a curiosidade necessária a qualquer pessoa, sobretudo aquela que lida com publicidade, jornalismo e audiovisual.

Em relação à leitura também é preciso ter mente aberta, mas com a atenção devida. Leio “tudo”, de bula de remédio a textos indígenas, poemas da cultura Tupi-Guarani, por exemplo. É impressionante o tratamento dispensado aos fenômenos naturais, à cultura do sagrado, o respeito à natureza. Os povos “primitivos” não leram Edmund Burke, mas sabem que “nunca a natureza seguiu um caminho e a sabedoria, outro”. Essa Mãe universal tem sido minha companhia e mestra nos últimos dias.

Ontem fui a uma cachoeira, Indaiá, e pude “sentir” a sabedoria e paz expressas na simplicidade das folhas brotando, no pingo que escapa da corrente e molha a flor na margem do rio. A integração com o meio ambiente propicia inspiração e bem-estar. Levei uma máquina nova, semiprofissional, mas não fotografei nada. O registro ficou na memória mesmo. O vendedor omitiu um detalhe: a importância do cartão; disse que, mesmo sem ele, o aparelho tinha autonomia e capacidade. Para evitar discussão e contratempos, preferi “acreditar” no libanês.

Esperteza. Não gosto do uso vulgar do termo. Esse atributo parece guiar muitos em suas atitudes mesquinhas e egoístas hoje. Mas aprendi, em Psicanálise, e na vida, que é necessário ser “esperto”. Na “arte da guerra”, é preciso ser estratégico. Maquiavel é leitura obrigatória. A sobrevivência nos move. Há “bons vendedores” passando a perna em muita gente. É ruim quando depositamos confiança em alguém e somos traídos. Apesar de tudo isso, ainda há pessoas que acreditam no ser humano. Meu objetivo é procurar aqueles que ainda não se contaminaram pelo egoísmo. É como achar ouro em garimpo abandonado.

É isso aí. O cartão é baratinho. Amanhã vou comprar um e, em breve, postarei fotos no blog, aproveitando o curso de Introdução à Fotografia. Afinal, o conhecimento passa a ter mais valor quando aplicado à realidade. Sonhos, divagações, ilações, filosofias... Tudo isso é bom. Mas, às vezes, é preciso se despir, livrar-se de toda essa carga, e andar descalço, sentir as pedras reais, o cheiro do mato, o grilo no silêncio da noite. O grilo real.

(*) Por Joel Pires - especial para o Blog e Jornal de Sobradinho

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