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ENTREVISTA: Em defesa da renovação no Legislativo do DF


(*)Carlos Magno/Jornal Alô Brasília

Deputado distrital pelo PT, e líder de sua legenda na Câmara Legislativa nestes últimos meses de mandato, Paulo Tadeu acredita que a oposição fez seu papel durante a crise na Casa, e defende uma renovação para o Legislativo do DF nestas eleições. Para o petista, a classe política precisa se desapegar do que é publico e trabalhar mais pensando mais no bem comum do que nos interesses individuais e privados. Este ano, Tadeu postulará um cargo na Câmara Federal, e espera que a população do Distrito Federal desconte sua rua raiva e descontentamento pelos políticos locais, no momento do voto em outubro, durante o pleito eleitoral.


Como líder do PT na Casa nesta legislatura, como você encarou o trabalho da oposição desde o início dos escândalos? O desfecho vem sendo o que vocês esperavam?

O nosso trabalho foi coerente com a posição que nós adotamos aqui desde o primeiro momento, que foi de fazer oposição ao governador Arruda, mas sem fazer oposição a sociedade. Aquilo que nós entendemos como equívoco ao Governo Arruda nós fomos contra. Nós lamentamos simplesmente o fato de termos ficado sozinhos na Casa, com exceção da independência do deputado Reguffe, do PDT, os demais deputados estiveram sintonizados com o governador Arruda. Depois que a crise surgiu, nós mantivemos a nossa coerência. Nosso trabalho culminou com a abertura da CPI e do processo de impeachment, e estamos caminhando para um fim da crise e esperamos que a sociedade tenha analisado e entendido nosso trabalho pelo bem do Distrito Federal.

A CPI já possui cerca de 3 meses desde sua criação e pouco foi feito até o momento. Como relator da comissão, o que está emperrando o andamento das investigações?

O que houve foi uma clara interferência do governador Arruda nos trabalhos da CPI e que foi o que levou a prisão do próprio governador Arruda. Fora a interferência, nós tivemos uma série de problemas envolvendo a formação da comissão, saída de presidente e de membros, mudança da relatoria, mudança na composição dos membros, o que trouxe uma série de problemas e fizeram com que a CPI patinasse e obtivesse muitos problemas. Somente depois de uma série de medidas é que conseguimos dar início aos trabalhos de forma efetiva. Para que possamos apresentar o relatório e um parecer fundamentado com toda a investigação feita é necessário o trabalho efetivo de todos seus componentes, o que vem sendo feito até momento.

Neste momento político, quais as reais formas que a comissão pode contribuir para para o contexto político do DF? A CPI pode contribuir, de fato, para o fim da crise no DF?

O Poder Legislativo foi varrido para dentro dessa crise. Fazer uma CPI com transparência, com isenção, e dar uma resposta para a sociedade de que este Poder conseguiu investigar uma parte importante de todo este escândalo é a melhor demonstração de que nem tudo esta perdido. É uma obrigação nossa com a sociedade. Eu penso que a CPI, menos que arrumar soluções para a crise, deve organizar uma pauta que ao final, possa apresentar um relatório que solicite aos órgãos competentes, uma serie de inspeções em obras e serviços que foram claramente superfaturados e fraudados, bem como identificar personagens importantes desse escândalo todo, sugerindo ao Ministério Publico o indiciamento dos mesmos nos artigos que precisam ser enquadrados. A CPI deve desvendar os responsáveis pela crise, e propondo no final, no relatório, sugestões que sejam dignas de maior controle social e das ações do Poder Executivo daqui para frente.

Agnelo Queiroz saiu vencedor nas prévias do partido? Na sua opinião, era ele mesmo o nome do partido para as eleições deste ano?

Eu não tenho duvidas de que hoje o Agnelo conseguiu reunir condições para que fosse uma alternativa real de governo para o Distrito Federal, e construir um Governo que possa garantir a realização de um projeto ético e transparente, mas também um Governo repleto de solidariedade para a população, e melhorando as políticas publicas como educação, saúde, que é um caos, segurança e transporte publico, alem de prover o desenvolvimento sustentável. O Agnelo tem mostrado como parlamentar, como ministro desse país, que tem uma capacidade muito grande, com um perfil aglutinador de muito dialogo. Agnelo é uma pessoas que dialoga com todos os setores da sociedade. Precisamos de alguém com essa personalidade principalmente neste momento de crise, de alguém que tenha bom transito com toda a classe política dessa cidade.

Você crê que Geraldo Magela foi o pivô de todas aquelas suspeições levantadas sobre o patrimônio de Agnelo Queiroz?

Num primeiro momento, o mais importante é saber se aquilo que foi divulgado pela imprensa é de fato, verdadeiro. É agora mais importante poder esclarecer que tudo que foi dito tem caráter verossímil. Eu diria que houve um grande acirramento nas prévias do partido, na disputa interna para o Governo, o que nos deixou muito preocupados com o futuro do debate. Então, é preciso apurar de maneira interna se houve ou não essa possibilidade de fogo amigo.

A Câmara Legislativa está prestes a se mudar para o prédio novo, uma imensa estrutura física no Eixo Monumental. Neste momento delicado que passa o Legislativo do DF, a mudança não seria uma afronta a população do DF?

Não podemos condenar a instituição. O que podemos fazer é condenar as pessoas que fazem parte desta instituição. A sociedade vai ter a oportunidade daqui a 6 meses escolher uma nova constituição para a Câmara Legislativa. Nao podemos enfraquecer um Poder que é importante, que faz parte da democracia de um país e que depende do seu trabalho. Se formos pensar com essa visão, temos que ver que a razão de toda essa crise não é somente do Poder Legislativo. Essa crise teve inicio e foi gestada dentro do Poder Executivo, então se formos pensar assim, deveríamos repensar também toda a estrutura do Poder Executivo e não somente o parlamento distrital. O que quero dizer com isso é que no próximo pleito eleitoral, a população tenha mais consciência no momento de escolher quem deve legislar e governar, porque é isso que fará a diferença no final.

Como você define hoje a situação de crise pela qual passa o contexto político do Distrito Federal?

Foi a maior crise da história dessa cidade. Brasília esta completando 50 anos e esta vivendo um dos momentos mais difíceis que já passou em sua historia. Eu diria que essa crise, apesar de toda tristeza e raiva que ela tenha causado, devemos tentar tirar lições dela. É necessária uma reforma profunda na forma de fazer política, na legislação eleitoral, na concepção daquilo que é do povo, dos interesses públicos que vão de encontro aos interesses individuais, então apesar de tudo, devemos aprender lições, que a vida continua e que a vida esta ai e não podemos deixar a peteca cair. Entendo a crise também como parte de um sistema capitalista, que prioriza uma visão de uma sociedade capitalista, materialista, do ganho fácil, da exploração de alguns em cima de muitos, de uma visão do que é publico e que pode ser utilizado para o interesse privado, individual. Acho que devemos refletir sobre nossos valores e sobre como encaramos este sistema capitalista que está a nos rodear. Ainda acredito que podemos construir algo diferente do que estamos vendo por ai, com solidariedade, sem mesquinharias, um novo conceito, uma nova visão de mundo para todos.

Um comentário

Anônimo disse...

Vamos fechar do Legislativo do DF.