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Arigatô, CIL: curso de Japonês abre diversas oportunidades aos estudantes da rede pública


(*)  Fernando Jordão 

Desde que o curso começou a ser ofertado, em 2011, vários alunos ganharam a chance de conhecer o Japão; Ingrid Oliveira dos Santos, do CIL de Sobradinho, está no país asiático para uma visita cultural com tudo pago

 
As relações entre Brasil e Japão são muito antigas. Em 1908, o navio Kasato Maru trouxe os primeiros imigrantes japoneses para o nosso país. Anos depois – sobretudo com o advento da internet – essa ligação ficou ainda mais forte, com a cultura da Terra do Sol Nascente conquistando os jovens sul-americanos. Fã de mangás e animes, Ingrid Oliveira dos Santos é uma dessas jovens. Agora, graças a uma bolsa oferecida pela Fundação Japão, a aluna da rede pública terá a oportunidade de fazer o caminho inverso do Kasato Maru e conhecer a terra pela qual é apaixonada.
 

Ingrid, que estuda Japonês no Centro Interescolar de Línguas (CIL) de Sobradinho, foi uma das três brasileiras selecionadas para participar do projeto Viagem Cultural ao Japão. “Tive que fazer uma redação em japonês, dizendo por que eu queria participar do programa. Em seguida, fiz uma entrevista por telefone com professores da Fundação Japão – SP. Eles me avaliaram e mandaram a avaliação para o Governo Japonês, pois é ele que disponibiliza o resultado final, de aprovação ou reprovação”, explica.

 
A jovem, que acaba de completar 18 anos, embarcou para o Japão no último dia 14. No país, ela ficará na província de Osaka, onde visitará pontos turísticos, históricos e culturais, assistirá a palestras e se hospedará na casa de moradores locais. Também estão previstas visitações às cidades de Hiroshima e Kyoto. Ingrid não esconde a ansiedade para esta que é sua primeira viagem internacional. “O nervosismo faz parte da minha rotina desde que soube que fui contemplada. Mas estou tentando manter a concentração, pois se cheguei até aqui, é porque sou capaz de estar onde estou. Todos que conheço confiam na minha capacidade e torcem muito por mim, então só fazer valer a pena a esperança que depositaram em mim”, afirma.

 
Além de Ingrid, outros três estudantes de Japonês do CIL de Sobradinho também já ganharam bolsas para conhecer o Japão. Visitar o país, aliás, é uma das muitas possibilidades que o aprendizado dessa língua oferece. “Essa oportunidade é para a Ingrid a realização do sonho de conhecer o Japão, mas também é só o começo. Existe um grande número de oportunidades para se estudar lá. Nesse sentido, o governo japonês é bastante generoso e oferece anualmente bolsas escolares para graduação, escola técnica, mestrado, entre outros. A embaixada também é bastante solícita, sensível e aberta. Somado a isso, existe o curso de graduação em língua e literatura japonesa ofertado pela UnB. Os caminhos do futuro da Ingrid estão se abrindo, e não só os dela, mas de todos alunos que optarem por estudar o japonês”, detalha o professor do idioma no CIL de Sobradinho, Daniel Machado que também morou no país asiático para participar de um treinamento ofertado pela Embaixada.
 
Para a Fundação Japão – que oferece a visita cultural -, o programa é, de fato, um incentivo para os estudantes de língua japonesa. “Nós realizamos esse projeto desde 2001 e o resultado que nós vemos é uma maior motivação. Hoje, alguns alunos já entram no curso por saberem que têm a possibilidade de fazerem essa visita”, celebra Mayumi Yoshikawa, professora da instituição.


O curso


As aulas de Japonês começaram a ser ofertadas no CIL em 2011. Atualmente, o idioma está disponível em cinco unidades: Taguatinga, Gama, Sobradinho, Ceilândia e Recanto das Emas. Ao todo, 658 estudantes são atendidos e, de acordo com coordenador pedagógico central dos Centros Interescolares de Línguas, Ivo Marçal, a procura por vagas é ainda maior do que esse número. Tanto que a Secretaria de Educação pretende ampliar a oferta, disponibilizando o idioma em todas as unidades do CIL.


Na avaliação do coordenador, a alta demanda se deve ao interesse dos jovens pela cultura japonesa, assim como aconteceu com Ingrid e também com seu professor, Daniel. “Essa cultura dos desenhos animados, dos Otakus, dos Mangás, até dos jogos eletrônicos está muito disseminada. E nos CILs – não só no Japonês, mas em todas as línguas -, o ensino do idioma está sempre conectado com o ensino da cultura. Não tem como você desvencilhar uma coisa da outra”, explica Ivo.

 
O coordenador reforça ainda que, para os alunos, o aprendizado da língua japonesa pode abrir várias portas. Entre elas, as do próprio CIL. Ele mesmo decidiu tornar-se professor depois de ter estudado em uma unidade do centro de línguas e acredita que muitos estudantes optam por trilhar esse caminho. “Numa época em que muita gente não quer ser professor, você ver uma escola que estimula os alunos a seguirem essa profissão é algo muito interessante”, opina.
 

No futuro, Ingrid será uma dessas pessoas que, depois de formadas, voltou ao CIL na condição de professor. “Eu pretendo fazer uma graduação em Letras – Japonês. Sou realmente apaixonada pela língua e pela cultura japonesa. Quero poder dar aula e proporcionar a outras pessoas tudo que me foi proporcionado com esse curso”, finaliza a estudante.
 

Foto: Tiago Oliveira / Ascom SEDF

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