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ESPELHO


Até um dia eu ainda não sabia,
Quanto é difícil acordar no meio da noite ao som de sua voz,
Trocar uma frauda suja,
Dar um banho frio para abaixar a febre,
Chorar pelo simples fato de não saber o que fazer.

Até outro dia,
Não sabei o que é a alegria de ouvir o som da sua voz,
O cheirinho gostoso da sua pele,
O carinho de suas mãos,
O brilho dos seus olhos.

Até outro dia,
Olhava admirado,
Corria assustado,
Ao chamar minha atenção,
Sonhava em ser como você.

Outro dia ainda pensava no que me transformaria,
No que me daria alegria,
No que a vida me reservaria ou apenas deixaria acontecer,
Enquanto você pela porta saia para mais um dia de luta,
Em muitos momentos eu apenas dormia,
Admirado pelo tempo que demoraria e quando voltaria.

Outro dia caminhava sozinho ao seu lado,
Hoje caminho acompanhado e sempre ao seu lado,
Ainda vejo a sua sombra e ainda desejo ser igual.
Nem super, nem menos, quero ser igual.
Quero que meu filho me olhe com os mesmos olhos que ainda o vejo.

Com a admiração de um dia desses,
Com o amor de ontem e hoje,
E com a gratidão de todo tempo.

Não precisa ser diferente.
Se puder ser parecido já serei um bom pai.

Por Daniel Atta, Advogado, Escritor , Poeta e Colaborador do Jornal de Sobradinho

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