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Sobradinho II tem renda domiciliar elevada mesmo sem economia dinâmica


Para Raimundo Monteiro, há 22 anos morador de condomínio, a cidade é uma maravilha: Não saio por nada

Por Mariana Branco
Colaborou Diego Amorim


Sobradinho 2 é uma cidade de contrastes. A região administrativa tem renda domiciliar média elevada, de R$ 4,9 mil. Entretanto, não tem uma economia dinâmica e depende do Plano Piloto e da vizinha homônima Sobradinho, que, juntos, são responsáveis por ofertar 61,8% dos empregos à população local. Embora a quantidade de moradores com ensino superior completo tenha saltado de 5,6% para 13% de 2004 para cá, a proporção dos que sequer terminaram o ensino fundamental é de 26,4%, ou seja, o dobro dos que frequentaram a faculdade. Os dados acerca da região administrativa foram divulgados ontem e estão na Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad), realizada pela Companhia de Desenvolvimento do Distrito Federal (Codeplan).


A estatística dos habitantes com primeiro grau inconcluso abrange a auxiliar de serviços gerais Cláudia Pereira da Silva, 40 anos, que cursou a escola somente até a 4ª série. Mãe de quatro filhos dos quais três moram com ela, Cláudia pega ônibus todos os dias até Sobradinho para trabalhar. É responsável sozinha pelo sustento da família, assim como 26% das mulheres de Sobradinho 2, apontadas pela Pdad como chefes do lar. A auxiliar ganha um salário de R$ 700 e paga R$ 510 pelo aluguel de uma casa de dois cômodos. “Estou sempre no aperto”, resume.

Pioneiro entre os moradores do Grande Colorado, região que reúne condomínios de classe média alta, o aposentado Raimundo Monteiro, 72 anos, vive outra realidade. Ele e a esposa, que chegaram a Sobradinho 2 em 1989, reúnem uma renda familiar de R$ 7 mil. O casal reformou recentemente a casa de seis quartos onde vive. Gastou R$ 160 mil com as mudanças no imóvel, que hoje vale pelo menos R$ 1 milhão. “Ninguém acreditava nisso aqui quando cheguei, mas hoje está uma maravilha. Não saio por nada”, comemora Raimundo.

Além das desigualdades, outro problema da cidade é a carência de infraestrutura. A rede de esgoto tem cobertura de apenas 30,9%. O abastecimento de água e o asfalto contemplam respectivamente 80,2% e 86,4% dos habitantes. A precariedade está associada à grande quantidade de assentamentos irregulares. Das moradias de Sobradinho, 65,4% estão em terrenos não legalizados ou em invasões.

Deficiências
“A região merece um olhar atento à oferta de serviços públicos, pois a gente encontra um percentual baixo de cobertura comparativamente a outras cidades do DF”, afirma Júlio Miragaya, diretor de Gestão de Informações da Codeplan e um dos responsáveis pela Pdad. Miragaya chama atenção ainda para o crescimentor registrado acima da média para Sobradinho 2. Enquanto a população do Distrito Federal aumenta a uma taxa anual de 2,3%, a da região administrativa sobe a 5,6% ao ano. “O crescimento da população está na origem da infraestrutura deficiente e do alto percentual de domicílios irregulares”, destacou.

O administrador de Sobradinho 2, Hamilton Alves da Cunha, anuncia as providências em andamento para sanar a questão das deficiências em serviços públicos básicos na cidade, como rede de água e esgoto. “Está prevista para este ano a conclusão das obras que ligarão 27 mil moradores da Fercal à rede geral de água”, adianta, referindo-se a uma comunidade de baixa renda da região administrativa.

Cunha afirma ainda que foi solicitada à Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) a construção de uma estação de tratamento de esgoto na região. A Caesb, entretanto, teria informado que a ampliação da estação de Sobradinho resolveria o problema.

Fonte: Correioweb/Blog Clipping Sobradinho II

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