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DEU NO CORREIO BRAZILIENSE: Gasolina chegará aos R$ 3,03 a partir de segunda-feira


A moradora de Sobradinho Viviane Serra decidiu que o carro ficará na garagem. Para ir ao trabalho, pegará carona na moto do marido

Gasolina chegará aos R$ 3,03 a partir de segunda-feira. Distribuidora comunica aos postos que o derivado de petróleo terá aumento de R$ 0,09. Nas bombas, preço do litro ao consumidor final sobe a partir de segunda

* Mariana Branco

Para quem depende de carro ou moto para se locomover pelo Distrito Federal, o pior pesadelo se confirmou. A partir de segunda-feira, a gasolina nas bombas chegará aos R$ 3. Proprietários de postos de combustível afirmaram ter recebido ontem circular interna da BR Distribuidora — o braço comercial da Petrobras — anunciando que o derivado do petróleo passará a custar R$ 0,09 extras aos revendedores. O valor cheio deve ser repassado ao consumidor, fazendo com que o preço atual, que é R$ 2,94 na maioria dos postos, chegue a R$ 3,03.

De acordo com os empresários, o valor maior será cobrado deles a partir de hoje. Eles afirmam, no entanto, que vão segurar os preços enquanto houver estoques antigos. Por isso, o reajuste somente atingirá o bolso do cliente após o fim de semana. Novas elevações não estão descartadas.

As distribuidoras de combustível apontam o álcool como vilão da escalada ascendente de preços. O derivado do petróleo leva 25% de álcool anidro em sua composição. De acordo com o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), mesmo com o início da colheita e da moagem da cana-de-açúcar, ainda não houve produção suficiente do biocombustível adicionado na gasolina para que haja um barateamento.

Na última quarta-feira, o presidente do Sindicom, Alísio Vaz, disse que, embora tenha havido recuo no custo do álcool hidratado, utilizado para a fabricação do etanol, o álcool anidro, usado na gasolina, continua subindo de preço. Vaz declarou ainda que o país precisa de políticas de incremento na produção tanto de álcool quanto do derivado do petróleo.

Silêncio
Procurado para comentar o novo reajuste da gasolina, o Sindicom informou, por meio da assessoria de comunicação, que seu posicionamento sobre o assunto permanecia o mesmo. Por esse motivo, nenhum representante da entidade iria conceder entrevista.

O Correio Braziliense também entrou em contato com a assessoria de comunicação da Petrobras, a fim de tentar ouvir a BR Distribuidora. Até o fechamento desta matéria, não houve retorno. Na quarta-feira, a estatal divulgou texto sobre o assunto.

“A entressafra da cana-de-açúcar e fatores climáticos levaram ao aumento expressivo do custo do etanol repassado pelas usinas produtoras, impactando os preços praticados por todas as distribuidoras de combustíveis (…). Isso teve efeito direto no álcool hidratado, mas também na gasolina, que recebe adição de álcool anidro na proporção de 25%. Note-se que o preço da gasolina ainda sem etanol, repassada pela Petrobras às distribuidoras nas refinarias, não sofreu alteração de preço desde 2009”, diz a nota.

A mudança de preço à qual o documento se refere foi uma redução de 4,5% no valor da gasolina há dois anos. Antes disso, a última alta aplicada pela Petrobras foi em 2008, quando houve reajuste de 10% sobre o derivado do petróleo e de 15% sobre o diesel. Entretanto, há ameaça de que o valor do combustível vendido nas refinarias, sem adição de álcool, volte a subir, em razão da instabilidade no Oriente Médio e elevação do custo do barril de petróleo no mercado internacional. Se isso ocorrer, a gasolina vendida no mercado interno corre o risco de ficar ainda mais onerada.

“Não dá para trabalhar mais, não tem previsão”, afirmou Antônio Matias, proprietário da Rede Gasol — que detém um terço dos postos do DF — sobre o novo aumento da gasolina. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do Distrito Federal (Sindicombustíveis-DF), José Carlos Ulhôa, também lamentou. “Não vejo um horizonte muito claro. As usinas, as refinarias, são caixas-pretas”, disse. O Sindicombustíveis prevê, entretanto, uma normalização no valor da gasolina a partir da primeira quinzena de maio, época de plena safra da cana.

A secretária Viviane Madureira Serra, 29 anos, adotará uma solução radical para driblar os preços altos. A partir da semana que vem, a moradora de Sobradinho deixará o carro em casa e começará a pegar carona para o trabalho na moto do marido. Andar sobre quatro rodas, só nos finais de semana. Viviane conta ainda que pensa em trocar o veículo 1.0 por um modelo que consuma menos combustível.

Mais imposto
Esta semana, os proprietários de postos do Distrito Federal anunciaram que o álcool recuaria R$ 0,20 nas bombas. A medida adotada pelas distribuidoras, diziam eles, ajudaria a diminuir a pressão sobre o preço da gasolina. Entretanto, o tiro saiu pela culatra. O Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz) decidiu que o valor do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) sobre o etanol na próxima quinzena terá aumento de R$ 0,14 por litro. Com isso, o recuo no valor do biocombustível deve perder parte do impacto, sendo reduzido a R$ 0,06.

SUSPEITA DE CARTEL SOB INVESTIGAÇÃO
Na terça-feira desta semana, o deputado distrital Chico Vigilante reuniu-se com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para falar dos preços dos combustíveis no DF. Cardozo informou que a pasta tem investigações em curso, em Brasília e no país. No final desta semana, o parlamentar recebeu um documento do ministério dando conta das principais ações. É citada, por exemplo, a recomendação feita em 2004 pelo Conselho Administrativo de Desenvolvimento Econômico (Cade) para que o Ministério Público do DF movesse ação direta de inconstitucionalidade contra a lei distrital que proíbe postos de combustível em hipermercados e shoppings. O Tribunal de Justiça do DF e Territórios negou o pedido do MP. Agora, o Supremo Tribunal Federal deve decidir a questão.

Por Mariana Branco/ foto(Kleber Lima/CB/D.A Press)

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