ENTREVISTA EXCLUSIVA: O Desafio em formar novos cidadãos

* Júnior Nobre

O Jornal de Sobradinho procurou o professor da Secretaria de Educação do Distrito Federal / SEDF - Benedito Artur Souto em Sobradinho, para falar sobre a grande tarefa do educador nos dias atuais, as cobranças dos pais quanto a resultados nos processos seletivos de seus filhos e de como é difícil lidar com a falta de interesse de alunos...

Fale um pouco sobre você (de onde veio, onde trabalha formação, etc.)
Meu nome Benedito Artur Souto, oriundo da cidade mineira de Paracatu, atualmente lotado no NDEIC-DRESob, matemático por formação.

Como você se tornou professor?
Tornei-me Professor por uma questão ideológica e também por causa das minhas raízes, minha avó paterna era professora.

Como tem sido a sua experiência como docente?
Olha, como docente posso dizer que a cada ano letivo que se inicia brota uma esperança de melhoria do ensino como forma de tornar menos árdua a experiência do dia-a-dia, muito cansativa e pouco produtiva.

Como surgiu o seu interesse pela educação?
Além da ideologia, o meu interesse pela educação surgiu da crença que tenho de que a única forma de melhorar a vida de um cidadão é por meio da Educação.

E qual é o grande segredo da educação?
O grande segredo da educação seria a participação dos pais no processo de ensino aprendizagem/educação, mas o que vejo hoje são as escolas das series iniciais se transformando em verdadeiras creches.

Qual a grande tarefa do educador?
A grande tarefa do educador de hoje é conviver com salas cheias, alunos fora da faixa etária, turmas heterogêneas em termos de conteúdo, material didático defasado e, ainda, a função de formar cidadão para a vida com a missão de competir com os alunos das principais escolas Particulares de Brasília em seleções e concursos públicos.

Para você, quais são as mudanças significativas quem vem acontecendo na educação brasileira nos últimos anos?
A educação deu um passo importante com a implantação da LDB (Lei de Diretrizes Básicas), mas como educador acredito que precisamos ser mais ousados e, para isso, necessitamos de recursos didáticos mais modernos.

Como vê a educação no futuro próximo?
Vejo a educação, em um futuro próximo, com certo desânimo, pois sinto que há desinteresse por parte do futuro cidadão em abraçar essa profissão, talvez, por causa do salário e da falta de valorização do educador. Penso que no futuro como diz Darcy Ribeiro "não teremos mão de obra”.

Professor, para ir direto ao ponto: qual é o papel que cabe ao professor diante de tantos e tão complexos desafios em formar novos cidadãos?
O papel que cabe ao professor, diante de tantos e tão complexos desafios em formar novos cidadãos, não é somente dele, temos que ter a participação do estado, por exemplo, dando treinamento continuado e adequado ao educador que muitas vezes é jogado em sala de aula e obrigado ao preenchimento de diários de classe, sem ao menos ter uma instrução de como proceder. Temos que ter o comprometimento da família para que os alunos possam fixar o conteúdo aprendido através de exercícios extra classe.

Qual o caminho que a informação dada em aula precisa percorrer para virar um aprendizado?
Para que as informações da sala de aula se tornem aprendizado, primeiro tem que existir um interesse por parte do educando para que ele desenvolva formas interessantes de assimilação e possa raciocinar, com a ajuda do professor, maneiras de utilizar determinado conhecimento no seu dia-a-dia.

Para um estudo solitário ser eficiente, a lição tem de ajudar, certo? Como devem ser esses exercícios de casa para que o aluno reescreva a aula e aprenda de fato?
Penso que os exercícios que os alunos levam para realizar em casa têm que ser criativos e na medida do possível ser percebido em alguma forma concreta, podendo se acrescentar a isso exercícios para que ele faça com os pais, tentando assim, resgatar a participação destes no processo ensino/aprendizagem.

O senhor acha que, além da família, é papel da escola e do professor tentar resgatar o prazer pela leitura? E como dá para fazer isso na prática?
Acho que sim, é papel da escola e do professor incentivar a leitura, podemos começar desde cedo, educando os alunos das séries iniciais para ler aquilo que o interessasse por um determinado tempo, e aos poucos ir desenvolvendo técnicas de leitura por meio das quais eles pudessem narrar as estorinhas lidas.

(*)Por Júnior Nobre texto e foto – Especial para o Blog & Jornal de Sobradinho