RECENTES

Mensalão do DF: só as urnas podem zerar a crise


Recebo com muita alegria e partilho com os leitores a colaboração do amigo professor e analista político Octaciano Nogueira, numa reflexão sobre os desdobramentos da crise política no Distrito Federal. Como muitos de nós, o professor também deposita nas urnas suas esperanças de solução da crise.

POLÍTICA & POLÍCIA

Nada mais distante e mais oposto que os conceitos que separam essas duas palavras. Embora tenham a mesma origem, polis, não se confundem nem se misturam. O fim da Política é, como ensinam os filósofos, a solução pacífica dos conflitos. O da Polícia, solucioná-los com o uso da força. A Política pressupõe a convivência entre os contrários, a aceitação das divergências, a racionalidade e o diálogo. A Polícia tem como instrumento a repressão. Via de regra, seu argumento é a violência. Esta é a principal razão pela qual Política e Polícia não se misturam. Mas convivem desde o início da civilização.
Em Brasília, não há nem havia por que ser diferente. Lamentavelmente, esse limite rompeu-se por obra e graça da forma rombuda como, a partir da autonomia que lhe foi concedida, as duas atividades ultrapassaram os limites que a própria História impôs aos homens. A cobiça, a avidez, a cupidez, a ambição e a sofreguidão substituíram o equilíbrio, o bom senso e extravasaram os limites que sempre separaram atividades incompatíveis. Por isso, só por esta razão, a Política tornou-se, na capital da República, o mais notório caso de polícia de que se tem notícia no país.
A cidade e sua população tornaram-se as maiores vítimas do rompimento dos limites da conveniência que sempre separaram a virtude do vício, a ética do desregramento e a civilidade da barbárie. Como restaurá-los passou a ser o maior desafio, no ano decisivo em que as eleições deveriam contribuir para separar o joio do trigo. O câncer que parece ter contaminado o tecido sadio que dá credibilidade às instituições não começou agora. Pelo visto, já se alastrou para além do Palácio do Buriti. Resta saber se o antídoto do voto será capaz de restaurar a saúde do organismo combalido que no dia 3 de outubro tem um encontro com o seu próprio destino.


(*)Octaciano Nogueira é Bacharel pela Faculdade Nacional de Direito da antiga Universidade do Brasil, atual UFRJ; Bacharel e Licenciado em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras pelo CEUB, no DF e Especialista pelo Instituto de Estudos Políticos e Sociais da PUC- Rio de Janeiro.

fonte: blogueira & jornalista Cristina Lemos...

Nenhum comentário