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INTERSEÇÃO TEXTUAL Joel Pires

EPPUR SI MUOVE

“Folha que cai no rio, ainda que a leve o rio, muda a paisagem do rio.”

Tudo se move. O movimento é uma lei do universo. A única certeza que existe é a de que tudo muda, o tempo todo. O mundo é uma grande roda viva, o dinamismo é sua característica essencial. Tudo se transforma. Até mesmo as águas mansas de uma lagoa estão em constante ebulição. No corpo humano as células se renovam a todo o momento. No céu, as nuvens mudam a todo instante1. Pego emprestada essa metáfora do amigo, poeta, escritor Geraldo Lima.
Fazendo parte deste universo, todos nós integramos esse processo de mutação. Vivemos um constante ciclo de instabilidade e de acomodação. Quando a poeira parece assentar-se, lá vem a boiada da mudança outra vez. E tudo o que era novo torna-se ultrapassado, caminho pisado. Nova trilha se faz necessária. Pois, como diz a música, o que era novo, jovem, hoje é antigo; e precisamos todos rejuvenescer2. Somos impelidos à mudança, não temos escolha: aceitamos o novo ou sucumbimos caducos. Não podemos ficar parados na estação. É preciso andar, sem medo, pois o sol já nasceu na estrada nova:
Estrada Nova
(*)Oswaldo Montenegro

Eu conheço o medo de ir embora
Não saber o que fazer com a mão
Gritar pro mundo e saber
Que o mundo não presta atenção
Eu conheço o medo de ir embora
Embora não pareça, a dor vai passar
Lembra, se puder
Se não der, esqueça
De algum jeito vai passar
O sol já nasceu na estrada nova
E mesmo que eu impeça, ele vai brilhar
(...)
Referências:
1 LIMA, Geraldo. Nuvem muda a todo instante. 1ª. ed. Brasília: LGE Editora, 2004.
2 Velha roupa colorida (música de Belchior).

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